Annyeong haseyo!
Tudo bem com vocês?
Hoje indico uma poesia em forma de filme, “Waiting for rain”, que retrata a vida de um jovem perdido na vida, sem rumo, sem sonhos, sem objetivos, até que ele encontra o seu norte no passado, em forma de seu primeiro amor da infância e, a partir daí, faz a sua vida se movimentar. É uma joia a ser apreciada sem moderação.
Ficha Técnica
Filme: Waiting for rain
Hangul: 비와 당신의 이야기
Roteiro: Yoo Sung-hyub
Direção: Jo Jin-mo
Protagonistas: Kang Ha-neul e Chun Woo-hee
Gênero: Romance/Drama
Duração: 1h56min
País: Coreia do Sul
Lançamento: 2021
Disponível: Telegram e Fansubs
Sinopse
Young-ho não tem nenhum sonho para sua vida. Ele estudou três anos para entrar em uma universidade. Ele decide enviar uma carta para sua amiga de infância, So-yeon, mas sua irmã mais nova, So-hee, recebe a carta no lugar de sua irmã doente. So-hee responde para Young-ho, fingindo ser So-yeon. Enquanto isso, So-hee cuida de sua irmã doente e também administra uma livraria de segunda mão com sua mãe.
Fonte: Adaptado de https://filmow.com/esperando-pela-chuva-t308247/
Protagonistas
Young-ho (Kang Ha-neul) é um jovem sem rumo na vida, sem esperança, sem objetivo, mas muito bom, sensível e romântico, que encontra seu norte ao se conectar com um passado que nunca aconteceu, mas que de certa forma lhe trouxe um presente.
So-hee (Chun Woo-hee) é a irmã de So-yeon (Lee Seol) que depois de ler a primeira carta de Young-ho endereçada à irmã começa a escrever para ele em nome dela e é quando ela consegue prolongar a vida de sua irmã.
Soo-jin (Kang So-ra) é amiga de classe de Young-ho que é evidentemente interessada nele e que sempre o leva a experimentar coisas e situações. Ela é luz, vida, alegria, determinação e independência, mas não é o suficiente para Young-ho. Ela é real demais para ele.
Desenvolvimento
O filme já começa com uma frase de efeito que nos diz sobre o que ele trata, ou seja, da espera. A primeira cena nos mostra um jovem eufórico em um parque à noite, no último dia de algum ano.
Esse jovem está evidentemente à espera de alguém e já podemos depreender que se trata de uma mulher. E é assim, quando ele olha na direção que esperamos encontrar a moça, o filme volta oito anos no tempo para nos contar a história.
O jovem em questão é Young-ho e a volta no tempo nos mostra um jovem desesperançado com sua vida acadêmica, já que ele está em um cursinho pré-vestibular pelo terceiro ano consecutivo, sem sucesso, e percebemos que a falta de motivação, a falta de um objetivo é o que o afasta da universidade. Ele é o filho caçula de um artesão de bolsas de couro que ama sua profissão, tem um irmão mais velho que parece ser o “sucesso” da família, afinal ele não só se formou em uma universidade em Seul como possui um excelente emprego.
Ele vive perturbando e julgando o irmão caçula por não estar na faculdade ainda e por gastar o dinheiro do pai em cursinhos pré-vestibular. Os dois não se dão muito bem.
Eventualmente, esse irmão mais velho vai à loja do pai tentar convencê-lo a vender sua oficina para investir na bolsa de valores e durante essas visitas os irmão sempre acabam se desentendendo.
E é com esse cenário de crise existencial do protagonista que algumas coisas nos vão sendo reveladas. A primeira é que lá no cursinho uma bela jovem se interessa por Young-ho e inicia um flerte com ele, que não demonstra muito interesse pela garota. Ele a acha meio maluca, mas ela é apenas adorável, curiosa, determinada e jovial, seu nome é Soo-jin. Quando se conheceram ela tinha acabado de perder a mãe, e o pai tinha se casado novamente, mas antes de morrer a mão deixou-a independente financeiramente, o que lhe trouxe liberdade para escolher seu caminho.
Outro ponto que nos é mostrado é que, nessa mesma época, Young-ho relembra de seu primeiro amor lá da infância, So-yeon. Como os asiáticos têm apego a esses primeiros amores, né? Continuando… em meio à sua crise existencial, ele se lembra de uma garotinha da época da escola que ofereceu ajuda em um momento difícil pelo qual ele passou, lhe oferecendo um lencinho que ele manteve até os dias atuais.
Desenterrando essa história da infância e trazendo-a para a fase adulta, uma fase de definição de carreira e futuro, ele acaba usando essa memória como válvula de escape e se agarra a essa lembrança como forma de dar sentido à sua vida e, também, como forma de ter um objetivo a seguir. É por isso que ele começa a buscar pistas sobre essa garotinha, até encontrar um endereço, o da loja de livros usados que pertence à família da garota.
O que Young-ho nem imagina é que So-yeon está hospitalizada, já que ela sofre de uma doença crônica degenerativa que a consome dia a dia. Quem cuida dela é a sua irmã So-hee.
Young-ho decide enviar uma primeira carta à So-yeon, mas quem a recebe é sua irmã, So-hee, que fica encantada por saber que ainda existem pessoas que as escrevem. Ela lê a carta para a irmã acamada, só que a ela não se lembra desse colega.
So-hee, então, redige um texto para o Young-ho dizendo que a irmã não se lembra dele, mas antes de enviar a carta ela muda o texto e acaba respondendo como se ela fosse So-yeon. Acho que ela sentiu a sensibilidade e bondade de Young-ho e achou que talvez aquilo ajudasse sua irmã de alguma forma, não sei.
Enfim, ela age dessa maneira por amor à irmã, mas explica ao rapaz que eles nunca poderão se encontrar, se telefonar, trocar fotos e coisas desse tipo. E é assim que se inicia esse estranho e triste relacionamento com cartas singelas, mas carregadas de sentimento, de leveza e poesia.
Fiz essas explicações para revelar porque Young-ho não conseguiu se conectar verdadeiramente com a Soo-jin. Ela apareceu no mesmo momento em que ele começou a trocar as cartas e, como ir atrás de seu primeiro amor se tornou seu objetivo, ele não teria mais olhos para o que acontecia naquele momento. E isso foi algo que ficou gritante no filme, sabe? Ele tinha uma mulher incrível, jovial, sagaz, aventureira e que o apoiava e o queria simplesmente por ele mesmo, se ele tivesse dado uma chance a esse presente, quão diferente teria sido a sua história?
O filme trouxe esta reflexão: quantas vezes deixamos de apreciar o presente, o que nos é dado agora, porque ficamos olhando para o passado, para o que não aconteceu, ou então ficamos focados no futuro de algo que poderia ter sido? Perder as oportunidades é realmente doloroso e angustiante.
E o filme se desenrola assim, com ele focado em uma relação que nem existe, afinal, a mulher para quem ele escreve não pode responder às cartas, apesar de saber do seu conteúdo, porque sua irmã lhe conta tudo. Ambos vivem uma fantasia, mas a dele é mais dolorosa porque ele está sendo enganado, enquanto ela encontrou mais um motivo para estender sua existência.
E quando Young-ho decide o que fazer com a sua vida profissional, ele vai se despedir da mulher de verdade, que o ama e que nunca teve chance alguma com ele, mas que teve seu carinho e de certa forma uma amizade.
Assim, cada um segue seu caminho, ele vai para o Japão estudar para se tornar um mestre em fazer guarda-chuvas e quando volta abre sua charmosa oficina, enquanto Soo-Ji estuda para o vestibular e segue uma carreira emocionante que envolve viajar e conhecer lugares.
Eles voltam a se encontrar anos depois e ela ainda gosta dele, mas quando os dois se reencontram é para acabar de vez com aquela relação. Ele lhe faz um belíssimo guarda-chuva que tem tudo a ver com ela e, mais uma vez, ele escolhe um fantasma, uma fantasia, já que durante esses oito anos ele continuou indo ao parque para encontrar a sua amada em cada último dia de cada ano, mas ela nunca aparece. Ele não imagina que ela morreu há sete anos.
E aqui nós ficamos um pouquinho perdidos, porque o filme não é linear ao contar a história, ele mostra vários eventos do passado entrelaçados na mesma cena e não sabemos ao certo quanto tempo de distância tem um do outro. Por exemplo, lá na primeira cena do filme entendemos que aquele é a última vez que ele vai àqueles encontros e ele está feliz, mas com o aproximar do fim real do filme nos é mostrada uma cena que só pode ter acontecido depois desse evento, já que nos mostra um Young-ho indo até a faculdade de So-yeon para buscar informações sobre ela e é quando ele fica desolado com o fato dela ter morrido.
E os tempos se misturam e nos emociona muito essa espera, eu confesso que chorei. Foi muito tocante e belo, mas também achei triste o final daquele homem. Ele era uma boa pessoa, tinha aquela luz da inocência, uma aura infantil e cativante, tanto que ele era um artista que transmitia sua mensagem através de seus guarda-chuvas. Acho que ele poderia ter tido uma final mais feliz. Apesar de que quando ele está lá no banco da praça, em seu derradeiro encontro, ele olha para a gente, diretamente para a câmera e nos diz que a sua história termina ali.
E acho que ele nos conta, sim, porque ali já somos íntimos de seus pensamentos e questões, e naquele momento ele quer nos dizer “É assim que tudo termina, agora posso seguir com a minha vida”, porque ali ele está se despedindo e sendo grato à garota que nem sequer imagina que o ajudou a encontrar o seu caminho na vida. Mas é frustrante, porque a gente quer que ele acorde antes do filme acabar e experimente uma relação de verdade, com toque, com presença física. Ao mesmo tempo também fica o questionamento: será que toda relação real é assim mesmo? Existe uma fórmula exata para se amar, para sentir, para viver?
É um filme é poético, sensível e com várias mensagens e questões, mas nada nele é definitivo e acho que é por isso que eu amei rsrs.
Considerações finais
Preciso falar que esse filme me emocionou demais em várias cenas e por vários personagens. É um história rica e cheia de nuances, é sensibilidade pura, é sobre escolhas e esperas egoístas como o próprio Young-ho diz no final do filme e é também sobre lições.
A trilha sonora é muito boa, a fotografia belíssima, as atuações impecáveis e o roteiro muito bom. Amei uma frase que o pai dele disse, mais ou menos assim: “Dificuldades trazem dificuldades, logo, faça algo que ama porque as dificuldades sempre existirão”.
E aqui me despeço e espero que também apreciem essa bela obra.
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