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Resenha do dorama: Death’s game


Annyeong haseyo!

Tudo bem com vocês?

O drama mais caro de 2023 estreou, galera! Com elenco de milhões. Confesso que, apesar do elenco incrível e do orçamento generoso, estava com medo. Fui assistir sem muitas expectativas, e que bom que foi assim!! Este drama marca o retorno da talentosíssima Park So-dam, depois de vencer um câncer e interpretar esse personagem tão simbólico: A Morte. A história é um misto de tragédias, violência, afeto, aprendizados, lições, poesia e remissão. Tem tudo, e no final eu fiquei reflexiva e chorosa rsrs.

Apresento a vocês esse hino chamado “Death’s game”.

 

 

Ficha Técnica

Drama: Death’s game
Hangul: 이재, 곧 죽습니다
Roteiro: Ha Byung-hoon
Direção: Ha Byung-hoon
Protagonistas: Park So-dam e Seo In-guk
Gênero: Thriller/Drama/Fantasia
Duração: 8 episódios
País: Coréia do Sul
Lançamento: 2023
Disponível: Fansubs, Telegram e Prime Video

 

Sinopse

Choi Yi-jae encontra-se desempregado e com a vida financeira destruída. Em um momento de desespero, decide tirar a própria vida, desencadeando a intervenção da própria Morte. A trama se desdobra com a Morte impondo um desafio a Choi Yi-jae: ele deve enfrentar a morte repetidas vezes em 13 vidas diferentes. Se ele puder encontrar uma maneira de sobreviver à morte iminente dessas vidas, ele poderá viver a vida de uma delas.

 

Fonte: Adaptado de https://www.tecmundo.com.br/minha-serie/274682-death-s-game-tudo-dorama-atriz-parasita.htm

 

Protagonistas

 

Choi Yee-jae (Seo In-guk) é um jovem que quer trabalhar em uma grande empresa, como o Grupo Taekang. Tudo isso para que ele possa realizar o sonho de casar com a sua namorada de longa data e construir uma família com ela. Em meio a vários reveses da vida, ele se desespera e acaba tirando a própria vida, o que irrita profundamente a Morte, que o pune severamente.

 

 

A Morte (Park So-dam) é enigmática, vingativa, cruel e pedagoga. Enquanto pune o insensato Choi Yee-jae, ela ensina que a vida não é difícil apenas para ele e que a morte não é o meio de acabar com os problemas e dores. Cada diálogo entre os dois é uma grande reflexão sobre como vivemos a nossa existência.

 

Desenvolvimento

 

A primeira cena do drama é impactante: um tiro na cabeça, um homem em queda livre e uma volta no tempo para explicar como tudo começou.

 

 

Sete anos atrás, Yee-jae estava todo feliz e contente a caminho de fazer uma entrevista de emprego em uma grande empresa, a Taekang. Isso não era pouca coisa! Era a oportunidade de um jovem promissor tornar-se empregado de uma grande companhia antes mesmo de se formar, um sonho!

 

 

Como logo perceberemos, nem tudo seria flores para o nosso protagonista. Indo para sua entrevista, ele presencia um homem se jogando na frente de um carro e morrendo. Traumatizado e extremamente sensibilizado pelo ocorrido, ele fracassa na sua seleção.

E é aí, meus amigos, que a vida dele vai só ladeira abaixo. Nada mais dá certo para ele. Sem o emprego dos sonhos, só lhe resta os empregos de meio período para pagar sua enorme dívida estudantil. Ele faz várias entrevistas frustradas, e dia após dia recebe um golpe na sua autoestima, já que todos ao seu redor parecem estar prosperando, menos ele.

 

 

Yee-jae tem uma namorada, Lee Ji-su (Ko Yoon-jung). Eles estão em um relacionamento há sete anos, e ela é a pessoa que mais o apoia. Mas os seus constantes fracassos fazem com que ele não se sinta merecedor dela. Por isso, ele decide terminar o namoro quando sente que ela está perdendo a oportunidade de conhecer alguém melhor do que ele, já que além de desempregado, ele acabara de levar um golpe financeiro de um amigo.

 

 

Em meio a toda essa tristeza, ele é despejado de sua casa por atraso no aluguel e perde todos os seus bens na chuva. Nesse momento, ele recebe uma mensagem a respeito da entrevista e descobre que não passou. Com todos esses fatos, o desespero bate, e Yee-jae sucumbe à dor e à frustração, se jogando de um edifício, ignorando a ligação da mãe.

 

 

É assim que somos apresentados à Morte.

Ele acorda no corpo de outro homem e não entende nada. Está em um jatinho particular luxuoso e a Morte está sentada, com uma carta na mão, lendo-a em voz alta: é a carta de suicídio que ele escreveu e que a deixou bem indignada, já que ele a tratou como um meio para acabar com os seus sofrimentos. Essa afronta custaria caro ao nosso protagonista.

 

 

Ele tem como punição a penitência de morrer mais 12 vezes, encarnando em doze pessoas diferentes, nos momentos derradeiros delas. Se ele conseguisse evitar a morte de uma dessas pessoas, como recompensa, ele poderia terminar aquela vida e morrer apenas no tempo certo. Uma das regras é que ele não poderia se matar e nem matar ninguém. Se ele se matasse, iria para o inferno, e se matasse alguém, algo pior do que o inferno o aguardaria.

Quando a morte faz um tour com ele nos confins infernais, ele já fica apavorado.

 

 

Quando ele entra nesses corpos, um orbe luminoso penetra em sua cabeça trazendo todas as informações, memórias e habilidades daquela pessoa. Nesse momento, ele entende que aquele é o “Jogo da Morte”. A cada vida que ele experimenta, há uma lição a ser aprendida. A Morte frisa, a cada retorno dele ao além, que ele precisa se arrepender do seu pecado. Ele não entende o que fez de errado, já que não prejudicou ninguém. Ela sempre se irrita, dá um tiro na cabeça dele, e essa é a “gentil” maneira que ela o leva para uma nova vida.

 

 

A cada diálogo dele com a morte, percebemos a profundidade da conversa, cheia de argumentos sobre o suicídio jamais ser a melhor escolha, pois é uma decisão egoísta, que deixa para trás as pessoas enlutadas em sofrimento e, geralmente, são aquelas que mais amam os que atentam contra suas vidas. Ela deixa claro que, com cada nova existência vivida, todas aquelas pessoas têm suas lutas e sofrimentos, e que para ninguém no mundo a vida é fácil. Vários sonhos também são frustrados, não apenas o dele.

 

 

O que sentimos no discurso irado, irônico e, por vezes, cruel da Morte, é que a vida é uma oportunidade de driblar as dificuldades e as dores, tirar valiosas lições e concluir o plano que foi traçado antes de nascermos. Além disso, a morte não é o fim de nada, mas apenas o começo. O começo da dor e desespero para quem age de maneira irresponsável e egoísta.

 

 

A cada vida, entendemos as ações do protagonista, porque a vida dele não era mesmo fácil. E eu acho que todo mundo tem os seus limites, e ainda assim não é prudente ultrapassá-los. Mas entendemos as atitudes dele porque só o vemos em primeira pessoa. A cada vida que ele ganha, essas pessoas estão de alguma forma interligadas por algum evento. Ele acaba tendo contato com a sua ex-namorada, Ji-su, e com a amada mãe.

 

 

É quando ele começa a se arrepender de ter tirado a própria vida, percebe que foi egoísta e só pensou nele, que não deu valor ao apoio e ao amor que recebeu dessas mulheres e que, por causa de seu complexo de inferioridade, nunca pôde observar e ser grato pelo que tinha, só tinha olhos para o que não tinha. Quem nunca se sentiu assim, que atire a primeira pedra.

A cada nova situação vivida, ele aprende, em primeira pessoa, que aquelas pessoas também fizeram escolhas na vida que nem sempre foram as melhores, mas que seguiram mesmo assim, sem desistirem. O intrigante é que, em toda nova vida apresentada, um misterioso homem está no centro de toda a desgraça que acontece com essas pessoas.

 

 

No final do episódio quatro, descobrimos que o serial killer que estava rondando a história e os fins trágicos de cada uma daquelas vidas, inclusive a primeira de Yee-jae, tinha um único catalisador. Ninguém mais, ninguém menos, que o atual CEO da Taekang, Park Tae-u (Kim Ji-hoon), ou pelo menos foi o que eu pensava.

 

 

Nessa vida, e ele estava vivendo como um modelo bem-sucedido, de boa aparência e com dinheiro, Jang Geon-u (Lee Do-hyun). Ele encontra a Ji-su, sua amada ex-namorada, e acaba desenvolvendo contato com ela. De certa forma, vai contando a ela o que aconteceu com o Yee-jae, como se fosse a história de um livro que ele estava escrevendo.

Como Ji-su é escritora, ela fica fascinada pelo enredo e, em uma de suas várias conversas sobre esse livro, eles estão na rua, quando nosso protagonista confessa que Geon-u é, na verdade, Yee-jae. Ela se choca e não pode falar nada, porque, neste momento, os dois são atropelados.

 

 

O autor do acidente desce do carro e é o CEO Park! Ele não demonstra nenhuma emoção, apenas satisfação, e pede que seu secretário assuma a autoria pelo acidente, já que ele estava sob efeitos de drogas e não podia ter uma propaganda negativa para a empresa. Ele promete uma generosa recompensa para o assistente assumir sua culpa. O secretário aceita a oferta, e mais uma vez o playboy sai impune.

Yee-jae ouve toda a conversa e sofre muito. O CEO Park termina de matá-lo, e Ji-su morre na hora, parecendo ficar desfigurada, o que deixa o assassino em êxtase.

 

 

Quando Yee-jae volta ao purgatório chorando de revolta e ódio por saber da identidade do seu último assassino, a Morte diz que Ji-su estava destinada a morrer naquele acidente, não ele. Ele atira na Morte, mas é claro que nada acontece com ela. A morte debocha e brinca com ele, o que o irrita. Ele jura a ela que irá se vingar e matar Tae-u. Ela diz que o impedirá e assim o envia de volta para uma nova vida.

 

 

Como eu disse, a Morte é irônica, né? Quando nosso protagonista vai para essa nova experiência, ele habita o corpo de um pintor muitíssimo bem-sucedido, Jeong Gyu-cheol (Kim Jae-wook), mas incompreendido pela crítica, porque sua “arte” era perturbadora demais.

Quando as memórias daquele corpo são mostradas a Yee-jae, ele fica enojado! Essa pessoa é um serial killer extremamente cruel, que usa as suas vítimas como inspiração para criar seus quadros. O pior é que ele tem um seleto público mais depravado do que ele, que consome o lixo que ele produz a preços exorbitantes.

Claro que quem compra as telas dele não imagina que ele é um assassino, mas sentem atração pelo o que ele pinta. Nesse ponto, entendemos que o assassino em série que ronda todo o drama é ele, e não o CEO.

 

 

Com essa nova experiência, Yee-jae decide colocar seu plano de vingança em prática. Ele colhe as provas contra o CEO que o atropelou e deixa guardada na casa do pintor assassino. O destino faz com que Tae-U se interesse por uma das obras de Gyu-cheol. Ele entra em contato com o pintor, que usa essa oportunidade para confrontar o CEO.

Eles se encontram, Gyu-cheol sequestra Tae-u, e descreve as atrocidades que irá fazer com o corpo dele. Chegando ao seu “ateliê”, uma espécie de necrotério cercado pelas obras desse sanguinário, o pintor desmaia.

Quando recobra a consciência, está deitado em uma maca, algemado, e quem segura a motosserra é o CEO. A cena é angustiante! Tae-u é esquartejado, sofre horrores e, quando volta para junto da Morte, sorri para ela. Ela entende que ele planejou morrer naquela vida. Ela o chama de caso perdido, e ele diz que tudo faz parte do plano dele de vingança.

 

 

Aqui, eu preciso fazer algumas considerações sobre o Tae-u: primeiro, o irmão mais novo do CEO, que foi assassinado a mando dele, sempre soube do verdadeiro caráter do irmão mais velho, por isso ele morreu; o pai do CEO também sabia que o filho não prestava e tinha medo dele; o CEO abusa constantemente do seu poder porque tinha dinheiro e prestígio, bem como abusava das drogas, que acabavam sendo o catalisador para seus crimes; em um dos seus desvarios, ele humilha uma dupla de policiais; o carro que matou aquela primeira pessoa lá no início do drama e ferrou toda a vida do Yee-jae, era o carro do Tae-u.

 

 

A Morte faz Yee-jae retornar à vida no corpo de um policial, An Ji-hyeong (Oh Jung-se), aliás, um dos policiais humilhados por Tae-u. Ji-hyeong era detetive e não era bem visto pelos outros policiais porque era covarde demais, tudo isso porque ele havia feito uma promessa à mãe. Quando Yee-jae toma posse do corpo dele, as coisas mudam! Ele se torna um policial durão e vai até a casa do pintor assassino buscar as provas que escondeu lá. E é assim que ele coloca em prática a sua vingança.

 

 

Nesta hora, o drama que já estava bom fica melhor, porque ele utiliza todas as lembranças e habilidades de todas as vidas que teve até aquele momento para caçar o CEO e fazer com que ele pague por seus crimes. Ele executa seu plano com perfeição!! É lindo de ver rsrs. Ele até tenta matar o CEO, mas acaba sendo convencido pela Ji-su a não consumar o atentado. E, se formos bem justos, a Morte também o ajuda a não assassinar Tae-u, já que, quando ele desiste de matar o embuste, Tae-u se vira para matar nosso protagonista, e elementos da natureza fazem com que ele seja atropelado por um caminhão.

 

 

Éééé, queridos! Uma hora a conta chega! E a do Tae-u chegou. Ele fica todo encalacrado, mutilado e preso a uma cama de hospital para o resto da vida. Gente, quer punição melhor do que essa? Nem a morte seria tão sofrida!! E o melhor é o policial Ji-hyeong ir lá tripudiar em cima dele. Nessa hora eu percebo que a maldade habita meu coração porque fiquei feliz com o texto e o contexto. E também nessa hora percebo o quão envolvidos ficamos na trama ao ponto de desejarmos aquela vingança e nos comprazermos daquele resultado.

E é assim que Yee-jae segue aquela vida: sendo um excelente policial! E ele, em alguns momentos, acaba esquecendo que Ji-hyeong não é Yee-jae. Enquanto ele nos narra como era viver aquela vida, algo que ele diz me dá uma chacoalhada. Ele diz que enquanto vivia como Ji-hyeong, por muito tempo quis se vingar de tudo o que o CEO lhe fez em todas as vidas que viveu, já que todas as mortes estavam relacionadas. Portanto, ele viveu em busca de vingança por um certo tempo até que aquilo parou de fazer sentido.

 

 

Dessa forma, ele passou a viver aquela vida em função de esperar a morte. A vingança saciada por um tempo, né? Depois o que resta? Uma vida que não é dele. Ele não pode conviver com a mãe e nem ser o que era antes. E nesse sentimento, ele acaba vivendo bem aquela vida, estabelece uma relação de amizade com seu parceiro e, por causa disso, acaba se sacrificando para salvá-lo durante uma perseguição.

Quando volta a se encontrar com a Morte, ela dá uma bronca nele por ele ter se matado novamente, mas ele diz que se sacrificou pelo amigo. Ela debocha dele e diz que ele só usou o amigo como desculpa e o faz retornar a uma nova vida, bem simbólica, mais uma lição que a Morte quer ensinar ao Yee-jae.

Ela o faz voltar no corpo de um morador de rua. Quando ele recobra a consciência, está sendo noticiada a morte do grande policial Ji-hyeong, e ele vai até o seu funeral. É interessante ver as honrarias que aquele policial recebeu na hora da morte, e também é com um choque que ele tenta consolar o amigo e é rechaçado. Tudo isso o faz perceber que nenhuma daquelas vidas é, de fato, sobre ele.

 

 

Enquanto morador de rua, ele materializa a sua perda de identidade e faz um paralelo com as outras vidas que viveu até àquele momento: ter assumido aquelas vidas não fez nenhuma delas ser dele de verdade. Ele não foi ele mesmo em nenhuma daquelas situações e, nesta hora, ele se desespera com a verdade. Ele não é aquelas pessoas e nunca mais poderá ser Yee-jae, porque desperdiçou aquela vida, a única que era dele! Ele não quer mais renascer, já que seria sempre uma mentira para ele. A morte, mais uma vez, é sábia e cruel.

 

 

Ainda lhe restam duas vidas de punição, e ele já consegue sentir o peso da sua escolha fatídica. Em uma nova vida, agora ele vive no corpo de um senhor de meia idade que está em um momento derradeiro de desespero, assim como ele estava no primeiro episódio. Ele relembra a vida desse senhor e enxerga que esse homem, por um tempo, conquistou tudo o que Yee-jae sonhou: uma vida comum com um bom emprego em um escritório, uma bela esposa, belos filhos, uma família que vivia bem e feliz até ser despedido e ver seu mundo desmoronar.

Com a perda do emprego, ele também perdeu sua família. Naquele momento, ele se encontra pronto para acabar com tudo. Mais uma vez ele tem que fazer uma escolha de vida ou morte e mais uma vez escolhe desistir de tudo. Ele se lança na frente de um automóvel!! Sim, meus amigos! É a primeira morte que gerou o trauma do protagonista!

 

 

Quando reencontra a Morte, ela diz que ele não tem jeito! Não aprende! E aí eu faço uma reflexão: lá no início, Yee-jae se mata porque não conseguiu o emprego, agora se mata porque perdeu o emprego. Quantas vezes a gente acha que uma questão em nossa vida é algo de vida ou morte, né? Colocamos valor nas coisas erradas. Ainda somos muito materialistas nas nossas escolhas. A frustração e a vergonha muitas vezes não nos deixam ver outras opções. E aí percebo que escolher viver é um ato de resistência, de bravura e por isso é tão difícil.

A Morte briga com ele, e ele diz que prefere ir para o inferno! Ele só quer acabar com as punições! Que qualquer outra vida que ele tenha, ele irá se matar para acabar com tudo aquilo. E a Morte lhe diz que dessa vez ele não irá acabar com essa vida. Ela lhe dá uma última grande e dolorosa missão, a chance real de sua remissão. Ele volta como sua mãe. É, amores, aqui ele vai entender o que é sofrimento. A primeira coisa que ele pensa é: minha mãe é a pessoa que eu mais conheço só para perceber que não sabe nada daquela mulher.

 

 

Com as memórias dela, ele conhece o remorso e o arrependimento. Ele acaba percebendo que antes de ter sido a mãe dele, ela foi a filha de alguém, uma menina que teve sonhos, frustrações, uma namorada apaixonada que se tornou uma esposa amorosa e também uma mãe viúva abnegada e encantada pelo próprio filho, que era sua razão de existir. Ele viu a batalha que a mãe travou quando ficou desempregada com um filho pequeno e sozinha, viu como aquela mulher jamais desistiu ou se revoltou. Apenas seguiu com a sua vida, mesmo quando o filho desistiu da dele.

Ele sentiu a dor lancinante daquela mãe que teve que reconhecer o filho no necrotério, que teve que sofrer os preconceitos por ter um filho suicida, que continuou trabalhando duro e vivendo um dia após o outro na solidão, que visitava o túmulo do filho e se culpava pela morte do seu menino. O último episódio é doloroso demais porque é real demais. Diante de toda essa dor que causou e a vergonha que sentiu por ter se desesperado pelo medo, autoestima e fracasso, Yee-jae decide que aquela punição será levada até o fim. Ele vive toda aquela existência em expiação ao seu ato de desespero e como uma desculpa à mãe.

 

 

As reflexões dele durante essa vida são dolorosas e cheias de culpa. Ele amadurece, pois percebe que a Morte o puniu com doze mortes dolorosas fisicamente, e a que mais doeu não foi a que ele foi esquartejado ou queimado, e sim a em que morreu com a pessoa que ele amava, Ji-su.

Todas as mortes que ele teve, por mais dolorosas que foram, não chegavam aos pés da dor que ele causou à mãe, porque ele entendeu que quando alguém que amamos morre, uma dor absurda nos invade. Assim, ele sente vergonha da própria morte porque entende que não lutou o suficiente, que a vida é feita de dias, mas nem todos são dias de sol. Há momentos de sofrimento, de luta, de alegria, e que a gente sempre pode escolher o que fazer com a nossa existência, e que estamos entrelaçados, afetamos os outros, o meio e as situações.

 

 

Quando ele, por fim, volta a se encontrar com a morte, depois de décadas, ele retorna arrependido, agradecido e entende o que a Morte quis lhe ensinar. Ele pede perdão pelo ato insensato e suplica por mais uma oportunidade de voltar à vida, mas dessa vez ele quer ser ele mesmo, Yee-jae. Ela pergunta por que ele quer voltar, e ele diz que quer poder abraçar a mãe uma última vez. Então, a Morte diz que ele ganhou o jogo e que resta mais uma bala no revólver, mas que não sabe se ele vai funcionar. Já que a punição dela acabou, quem decide se ele vai voltar é Deus. O gatilho é puxado e… ele volta àquele momento em que está no prédio para se jogar, e, desta vez, ele atende à ligação da mãe.

 

 

A mãe mais uma vez o salva, né? Gente, este drama é um dos melhores que vi em anos de vida doramática!! Já assisti a muitas histórias, mas essa me pegou porque é profunda demais, tocante, poética e cheia de significados. Ela conversa diretamente com as nossas dores, angústias, frustrações e, no decorrer da história, vai nos mostrando que essas questões não são apenas nossas; todo mundo passa por isso e cada pessoa lida com elas de formas diferentes, e que o que nos rege nesta existência são as nossas escolhas.

 

 

Elenco belíssimo e muito bem aproveitado, fotografia impecável, bem como a edição, já que nos presenteou apenas com o essencial da trama, descartando aquilo que não acrescentaria em nada à história. Daí a diferença de minutagem de cada episódio. As cenas de ação foram muito bem executadas, dignas de Hollywood. Cada vida que o Choi Yee-jae viveu foi muito bem interpretada por cada ator, que deu constância e ritmo perfeito para o desenvolvimento. História muito bem amarrada e o final nos faz pensar se ele zerou tudo até o momento que atendeu a ligação ou se apenas teve um recomeço e nada daquilo se concretizou.

 

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